quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Acordando


Acho que sair da adolescência significa uma coisa pra cada pessoa. Porém, há muitos fatos em comum. O que você lembra quando se fala em adolescência? Bem, pra mim vem um bocado de coisas boas, sonhos lindos, amores perfeitos, a ausência de medo, a liberdade recém-chegada.
Pra mim não importava se era segunda, sexta ou domingo. Meus amigos e eu éramos imbatíveis! Os reis do mundo!
É tão bonito isso tudo. Tenho saudade de algumas das minhas inocências.

Hoje as coisas são bem mais voltadas para o real, pro cotidiano, rotina.
Quanto mais se cresce, mais se enxerga até onde podemos só sonhar.
Agora eu sei quais obrigações devo cumprir, que dias devo parar só para organizá-las. Às vezes sei exatamente como será o meu dia seguinte.
Se antes eu pensava em dirigir um filme, tocar numa banda, viajar o mundo inteiro e experimentar todos os estilos de vida, sair em capas de revistas ou em páginas policiais, planejava mortes para as minhas vítimas quando eu decidi-se me tornar serial killer, viveria amores avassaladores e morreríamos juntos como Romeu e Julieta; hoje eu só quero minha casa, meu dinheiro, meus bons amigos, meus cigarros, minhas bebidas.
Penso em fazer compras no supermercado e depois buscar meus filhos cabeludos na escola. Acordar de manhã cedo, fazer café, torradas ou panquecas, depois sair pra trabalhar. Estender o currículo Lattes com minhas pesquisas. Viajar nas férias. Chamar alguns amigos pra beber nos finais de semana e ter papos nostálgicos.
Bem, isso é o que eu quero. O que atrapalha? O que eu sou.
Eu nunca vou deixar de ser explosiva, impulsiva, intensa. Nunca vou deixar de fazer loucuras, de me pôr em risco, agir de forma selvagem, perder o controle, me auto-destruir, ter surtos de ódio incontroláveis por qualquer coisa ou por nada.
Muitas vezes me torno alguém que eu não queria ser. Eu não posso dizer que me conheço, porque eu ainda não sei do que sou capaz. Sou muito sentimental, muito emocional.
Se eu recebo amor, carinho, se fico segura e encontro "asas" para descansar; fico dócil como um gato gordo.
Se sinto raiva, ódio, se me sinto traída; viro um monstro... ah, essa daí não queria pagar pra ver. Não é uma coisa boba, é surreal.

O que eu almejo não combina com meu jeito de ser.
Imagina a mãe louca tocando fogo na casa porque ficou puta da vida com o marido. A mulher descontrolada que tacou uma pedra no cara que lhe causou problemas no trânsito. A vizinha louca que jogou uma bomba bujão no seu quarto porque você liga o som quando ela vai dormir. A dona de casa que deu uma vassourada na cabeça do seu filho porque ele tocou a campainha dela e correu. Pois é, coisas prováveis de acontecer na minha "vida perfeita".

Nada é impossível, estou cada vez mais tentando entrar nos eixos pra não acabar sem nenhuma expectativa.
Se fosse pra escolher, teria nascido milionária e nesse momento estaria na minha banheira, tomando whisky, fumando na piteira, ouvindo música, comendo camarão e fazendo ruindade com quem eu quisesse. Paola Bracho total.

Um comentário:

Harrison disse...

"Se fosse pra escolher, teria nascido milionária e nesse momento estaria na minha banheira, tomando whisky, fumando na piteira, ouvindo música, comendo camarão e fazendo ruindade com quem eu quisesse."

perfeito, é o próprio céu, shangri-la ;}